Nos últimos dois anos, tenho executado laboratórios de cocriação com objetivo de ajudar organizações a desenhar o escopo do produto que será validado no mercado em que atua, eventos esses conhecidos como Inception de produto.
Gestores das áreas de tecnologia da informação e negócios, que contratam essa facilitação, faziam questionamentos ao modelo adotado, por quê?
Faziam críticas à carga horária da proposta, que tinha 40 horas distribuídas em 5 dias de agenda. Esse tempo, para muitos, é um grande desafio, pois você precisa reunir todas pessoas, por um tempo tão longo e isso pode gerar impactos na agenda diária.
Outro ponto é que ao final não havia a entrega de um protótipo do produto que seria desenvolvido. Eles, os gestores, não queriam um modelo de baixa fidelidade, esse já havia sido aprovado na etapa anterior, no Design Sprint, o final do laboratório me lembrava um jogo de futebol que você marcou 5 gols no 1o. tempo e tomou 4 gols no 2o. segundo tempo, não perdeu mais a sensação de derrota era gigante.
Inception - a abertura do ciclo de aprendizado do mercado
A Inception de produto ou serviço é um momento que se tem a oportunidade de abertura de ciclo de aprendizado sobre como uma solução será desenvolvida e como a mesma deverá ser testada no mercado.
Aqui, cabe mencionar que acreditamos que a transformação digital é, na verdade, a reinvenção de modelos de negócios, pois depende da transformação das pessoas envolvidas para um novo Mindset.
Defendemos que, indubitavelmente, o uso combinado de abordagens como Design Thinking, Lean Startup e Agile, permite que uma organização tenha a total capacidade de implantar a transformação digital. As abordagens, por sua vez, provocam mudança de comportamento das pessoas e exigem:
● Colaboração;
● Comunicação;
● Engajamento;
● Iteração;
● Abertura e coragem para o novo.
Como oportunidade de alinhamento usando a participação de todos como fator importante, identificamos dois momentos desse encontro. Primeiro, Business Inception, para que questões de negócio sejam apresentadas. Segundo, Technical Inception, onde questões de tecnologia da informação sejam detalhadas como um primeiro passo de elaboração do escopo mais refinado.
Determinamos alguns objetivos que são norteadores do sucesso do laboratório, devemos alcançar os seguintes pontos:
● Produto Mínimo Viável;
● Riscos iniciais para desenvolvimento da solução;
● Visão da infra estrutura e arquitetura que a solução demanda;
● Desenho da formação do CAPACITY da equipe técnica que irá construir a solução;
● Orçamento / Custos em alto nível;
● Release Plan (horizonte as entregas já quebrados em sprint's);
● Construção de um protótipo de alta Fidelidade.
MVP Sprint Framework (Design Thinking + Lean Startup + Agile)
Elaboramos um roteiro de trabalho que permita a flexibilidade de execução, a proposta de laboratório de cocriação. Ele usa a combinação de abordagens como Design Thinking, Lean Startup e Agile. O objetivo principal é a definição do MVP e a ele demos o nome de MVP Sprint.
Design Thinking - desenvolvimento de soluções centradas no ser humano
A primeira parte do roteiro foi de seguir a linha de cocriação, onde pessoas desenvolvem soluções para pessoas. Em laboratório de inovação, usar o direcionamento que design thinking nos permite, para gerar o engajamento e a sinergia no grupo, construir soluções diferenciadas.
Criar escolhas, em um primeiro passo, buscar pelo domínio de linguagem, mapear os atores internos e externos, se necessário com escuta ativa e identificar as dores desses atores, consolidar as informações para definir o objetivo. Fazer escolhas, iniciar a análise de cenário e contexto, identificar os objetivos da organização, propor soluções e decidir por um caminho único.
O duplo diamante nos ajuda a entender o passo do roteiro de desenvolvimento. No Design Thinking, ele é utilizado como norteador das ações e uso das ferramentas.
O roteiro do MVP Sprint está alinhado ao duplo diamante, distribuímos as ações dentro de cada etapa que são: Descobrir, Definir, Desenvolver e Entregar.
As atividades em visão macro são:
● Conhecer o produto;
● Personas;
● Descobrindo Funcionalidades;
● Nivelamento;
● Definindo o MVP;
● Jornada Funcional;
● Avaliação Técnica;
● Estimativas;
● Plano de Entrega;
● Construção do Protótipo (AF).
Como em outros laboratórios de cocriação (Design Sprint, Service Design, Business Design, etc), o MVP Sprint deve ser conduzido por um facilitador de aprendizado. Ele tem a responsabilidade de conduzir todas as etapas iniciando pelo SETUP, que é fundamental, pois permite a configuração de como as atividades que serão executadas. As atividades deste SETUP são:
● Reunião com SPONSOR para entendimento prévio do tema que será tratado;
● Preparar a agenda de atividades;
● Reservar a estrutura necessária (Sala / Coffee Break / Materiais de escritório);
● Negociar com Gestores a participação das pessoas necessárias;
● Configurar a equipe de trabalho do MVP Sprint (Ux Designer, PO, Assistente de Documentação, etc);
● Comunicar os envolvidos.
Para facilitar a gestão das atividades do MVP Sprint, utilizamos o Scrum Framework (roteiro de gestão de projetos complexo). Ele nos ajuda a manter a cadência e a governança da evolução do trabalho.
A ideia do uso do Framework Scrum é estabelecer métricas para a equipe de trabalho. A agenda de 24 horas em 3 dias a agenda seria distribuída com essa configuração:
Para atender aos executivos de negócios, tecnologia e operações, que entendem que manter funcionários alocados em um laboratório de cocriação, traz impactos as atividades e demandas já estabelecidas. Uma proposta de execução das 24 horas em 6 a 7 dias pela manhã, teria essa distribuição de atividades:
Nas agendas, não citamos ferramentas, isso você poderá ver no
e-book que estará disponível no site do Garage Criativa em breve, mas não são diferentes das que já são utilizadas no dia a dia de quem pratica Inception.
O ponto mais marcante do MVP Sprint
"Clientes não gostam de projetos, odeiam muitos dos nossos entregáveis (documentação), querem brinquedo, sim, é isso mesmo. Ao final de uma jornada querem pegar um protótipo na mão e testar, verificar como ficará a solução final."
Essa frase acima não é minha, não me recordo onde a li primeira vez, mas concordo. Os facilitadores do Garage Criativa comentam comigo a mesma percepção, clientes querem pegar o brinquedo na mão e usá-lo.
O ponto mais alto do MVP Sprint é a apresentação do protótipo de alta fidelidade aos executivos, principalmente aos responsáveis das áreas de negócios. Vale lembrar que nesse momento, podemos receber uma negativa daquilo que foi desenvolvido, mas sem dúvidas é mais um ponto de tomada de decisão, podemos pivotar ou perseverar.
Temos que lembrar a importância de ter no time de Inception um profissional de design de telas que possa construir esse protótipo dentro da janela de horário proposta.
Acesse nossa agenda de treinamentos, estamos rodando esse modelo em workshops com turmas abertas e também in-company.
Até nosso próximo artigo quando vamos detalhar algumas etapas do MVP Sprint.
Marco Antonio Silva
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